Santiago é dessas cidades cosmopolitas com ruas cheias de restaurantes de cada canto do mundo, galerias de arte, livrarias, lojas de vinil e sebos. É dessas cidades que harmonizam arranha-céus com construções coloniais. É dessas cidades que você redescobre a cada vez que percorre suas ruas cheias de vida e simpatia. Simpatia, a palavra que define Santiago, sua gente, o seu ar e pasmem... até a agitação de Santiago chega a ser simpática – é uma agitação que te faz sentir viva e não estressada. Mesmo com guarda-chuva, choveu todos dias em que estivemos lá, em nenhum momento me senti irritada e com vontade de me trancar no apartamento. Pelo contrário com os pés encharcados andamos exaustivamente até o sol desaparecer, tentando quanto mais explorar o que essa cidade tão simpática tinha a nos oferecer. E vamos aos fatos...
Lateral do palácio La Moneda |
Centro Cultural La Moneda |
Santiago clareou quase às 8h o que eu estranhei, pois em Moçambique às 5h mesmo no inverno já temos a luz do sol. A sensação foi a de que tivemos horas de turismo roubadas rs. Ficamos num apart hotel (Edificio Bellavista Forestal) situado no bairro Providência, um bairro boêmio e próximo de alguns pontos turísticos interessante. Como cheguei numa quarta-feira chuvosa, o bairro não me apresentou o que acabei vendo na sexta e no sábado, muita gente jovem e ensandecida, que de tão ensandecida me acordou diversas vezes no meio da noite rs. Apesar disso a Providência me pareceu segura, um taxista nos advertiu ter atenção depois de meia-noite, mas a essa hora eu sempre já estava em casa, pois preferi focar nas atividades diurnas.
Esse negócio de ficar em apartamento tem as duas faces da moeda. A pessoa fica a vontade para entrar e sair, não tem arrumador para bater na porta caso tenha esquecido a placa do “não incomode”; faz sua própria comida e ainda tem um espaço mais amplo para assistir tv e até socializar com a família e amigos. Acho que ficar em apartamento é a melhor pedida para viagens acima de 7 dias, quando se precisa de um tempo para chamar de seu, curtindo uma dormida longa, a leitura de um livro e até um cineminha em casa. Agora viagens curtas não dispensam a praticidade de ter alguém para chamar o táxi e um bom serviço de “concierge”. Desobedecendo todas essas minhas teorias adquiridas com erros e acertos, resolvi ficar num apartamento mesmo numa curta estadia em Santiago. E quer saber de uma coisa? Teorias são somente teorias. O fato é que tendo me preparado com roteiro e um bom aplicativo de mapa off-line não me fez falta o “concierge”, nem tão pouco o café da manhã, já que estávamos ao ladinho do Pátio Bella vista, um complexo gastronômico bem recheado de opções. Além disso economizei alguns muitos pesos, achei bem “salgado” os preços dos hotéis em Santiago. Além do que a Providência foi o bairro que me deixou mais confortável para explorar uma grande parte de Santiago. Eu costumo dizer sempre aqui no blog que andar a pé durante as viagens é a certeza de ser surpreendido com o inusitado e experimentar o que guia de viagens nenhum é capaz de mostrar.
Tomamos nosso café no pattio BellaVista, poucos restaurantes abrem de manhã, fomos de Starbucks mesmo. Logo em seguida rumamos para o outro lado da cidade, atravessamos o rio e o parque Forestal e fomos para o centro de Santiago. O primeiro destino foi a rua Augustinas, rua das casas de câmbio juntamente com a La Moneda. A diferença entre a cotação no BellaVista com a da Augustinas é absurda. Vale a pena caminhar até lá, até porque muitas das atividades estão reunidas no centro mesmo.
O Parque Forestal estava de uma calmaria chuvosa que chegava a ser melancólica, mas não perdeu sua beleza, imaginei aquilo no verão cheio de pessoas e cachorros. As árvores altas e carecas davam um ar europeu aquele lugar. O rio abaixo da ponte era de tamanha força que tentei não olhar, a primeira impressão era que ele subiria a qualquer momento para nos encontrar, a vivacidade daquele rio de água barrenta descendo a avenida não é exagero meu. Acabei por não tirar foto, pois o lugar estava realmente muito deserto.
Ao caminho da Augustinas passamos pelo teatro municipal, o guarda-chuva não nos impediu de parar para fotografa-lo. Ainda no caminho da Augustinas encontramos o Paseo Ahumada que é a rua mais famosa do centro pelo seu vasto comércio. Somente dei uma olhadela e a deixei para visitar depois dos pontos tidos por mim como importantes e caso sobrasse tempo.
Minha mãe finalmente provando que ela não é feita de açúcar |
A próxima parada foi o palácio La moneda que é a sede do governo chileno. Não me interessei pela visita interna que precisa de marcação antecipada, quanto a parte externa é bonita, mas não me impressionei com exceção para a emocionante estátua do Allende na praça.
Impressionante mesmo é como a gente leva na cara quando pesquisa uma viagem e tenta advinhar o que vai ser mais legal. Eu havia lido que no subsolo do palácio existia um centro cultural com diversas exposições. Para ser sincera não coloquei nos meus planos descer, talvez por querer muito ir ao museu nacional e saber que o centro subtrairia uma parte do meu tempo, mas o mundo rotaciona e eu desci rs.
Parece que havia alguem tentando se esconder da chuva que estava rolando lá fora |
Desci e não me arrependi! O centro cultural La Moneda é excepcional. Logo quando entramos ficamos tontas sem saber aonde ir; existiam diversos espaços, café, cineteca, restaurante e banheiro (chuva dá uma vontade de fazer xixi).
Eu segurei a vontade de fazer xixi e engrenei na exposição de cartazes “Retrovisión – 33 años de pensamento visual”, o trabalho exposto era o do artista e designer Julian Naranjo.
Acho fascinante a forma objetiva e eficiente que um cartaz fala com a gente. Os temas eram bem diversos, vou mostrar um poquinhos dos que foram mais interessantes para mim:
O link para saber o que tem de legal por lá é esse: http://www.ccplm.cl/sitio/
Visitamos também a exposição “Gabinete de personalidades” que reunia em forma de vitrines, espaços íntimos que traduziam algumas personalidades do Chile. Essa exposição foi um trabalho conjunto entre os alunos de desenho da universidade Finis Terrae com a oficina Grisanti e Cussen , partindo de uma investigação sobre a vida 6 personalidades (a decoradora e museóloga Jacqueline Domeyko, a arquiteta Cazú Zegers, o artista Claudio di Girólamo, a investigadora da flora e fauna chilena Alicia Hoffmann, o colecionador de peças de vestuario e desenhos do Museu da Moda Jorge Yarur e a dupla de artistas composta por Bruna Truffa e Rodrigo Cabezas). Achei interessante a brincadeira de olhar o gabinete e tentar advinhar o que faziam as tais personalidades. Senti-me num ateliê, num quarto, num escritório de tão verossímeis que eram as vitrines. Deliciosa experiência essa de poder entrar em diferentes realidades através da arte, mesmo que por alguns minutos. Meus gabinetes favoritos foram do artista Claudio di Girólamo e da arquiteta Cazú Zegers.
Gabinete do artista Claudio di Girólamo:
Gabinete da arquiteta Cazú Zegers:
Como o tempo era curto, seguramos a curiosidade de ver mais exposições e partimos para a Plaza das Armas que é um ponto bem central de Santiago. Lá visitamos a Catedral de Santiago, achamos o interior bem bonito e o exterior não impressionou.
Catedral |
Plaza das Armas - Catedral ao fundo |
Catedral |
Plaza das Armas |
Como a fome chegou e a chuva estava reticente em continuar, encontramos um lugar bem aconchegante para comer chamado Café Colombia que fica na rua veintiuno de mayo, uma rua que faz esquina com a Plaza das Armas. Os banquinhos de couro, a mesa de fórmica, o balcão baixo e todo aquele ambiente me fez acreditar que estavámos nos anos 70, talvez 80. Adoro uma nostalgia haha.
A comida veio muito bem servida, eu pedi uma espécie de carne assada com purê de batata que estavam divinos, o pãozinho com o molho de entrada me lembrou dos que eu costumava comer quando morei na Gran Canaria. Nem vou me alongar muito basta dizer que esse almoço foi muito especial pra mim.
Como nem tudo são flores, voltando para Plaza das Armas descobri que com o mal tempo o Museu Histórico Nacional ficaria fechado por dois dias.
Museu Histórico Nacional |
Mudamos o rumo e fomos para o Museu Chileno de Arte Precolombino, pelo qual meu coração já estava batendo muito forte com medo de não conseguir visitar. Esse museu tem uma novidade bem bacana e democrática que ainda não havia experimentado em outros museus do mundo, o aplicativo de áudio guia para smartphone. O museu te fornece wireless, vc baixa, instala o app e depois é só visitar o museu digitando os números referentes aos pontos que se deseja informação, como nos áudio guias de costume. Achei bem prático usar meu próprio aparelho sem ter que carregar um “tromblho” de áudio guia. Em Roma baixamos um app desses para visitar o Coliseu, mas nos embolamos todos, porque não era oficial.
Carinha de doente - abatida, mas a postos para turistar |
O Museu Chileno de Arte Precolombino é um “must see” para os amantes de história, arqueologia e curiosos. O museu possui um acervo bem grande de cerâmicas, máscaras, adornos, vasos e variados utensílios da época pré-colombiana de diversas regiões da américa latina. Eles possuem até reminiscências de indígenas brasileiros. Uma coisa interessante que havia no museu e merece ser comentada é a maquete que mostra o sistema de câmaras mortuárias com espaço inclusive para oferendas utilizado para sepultar um maia poderoso. Esse sistema permitiu que hoje houvesse materiais em boa condições para contar um pouco do passado para nós.
Maias e o jogo de pelota |
O museu possui uma webpage fantástica e super democrática, é possível acessar a coleção do museu em qualquer canto do mundo: http://www.precolombino.cl/coleccion/
Na volta passamos pelo Cerro Santa Lúcia, mas devido a chuva também não pudemos subir. Infelizmente não conseguimos voltar lá para visita-lo, segundo o que li na internet a subida é um pouquinho longa, mas a vista compensa.
No próximo post irei contar sobre o museu La Chascona, o Cerro San Cristobal e um pouco sobre gastronomia na Providência.
Boa noite Karen, parabens pelas experiencias.. com certeza aproveitou muito e ainda esta ajudando quem quer ir para la! Uma duvida, como que funciona esse apartamento hotel? reservei pelo booking para marco agora, mas nao entendi como pega a chave? tem uma recepcao tipo hotel? ou é com o proprietario? obrigado
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