domingo, 21 de julho de 2013

Coisas para fazer em Istambul - Parte 2


Nessa segunda parte do post “coisas para fazer em Istambul” falarei sobre a região do Sultanahmet. O sultanahmet é uma região tradicional e o lugar que mais circulam turistas por km2 na Turquia, pois nele podemos encontrar a Mesquita Azul, a igreja Santa Sofia (Hagia Sophia) bem como a cisterna da basílica e o Topkapi Pallace.

Há poucos metros dessa região podemos encontrar o famoso Grand Bazaar, que é um lugar imperdível, muito mais pela sensação de sua atmosfera vibrante e tumultuada do que pelas compras em si. Os que vão para comprar ficam estarrecidos com a quantidade de oferta de produtos. São corredores e mais corredores, formando labirintos, cujo objetivo só pode ser tornar confusa a cabeça dos compradores. As 60 ruas fazem com que pensemos duas vezes antes de sair a uma nova busca, ponderamos seriamente no risco de não conseguir voltar mais a mesma loja, caso o preço nela seja o mais vantajoso.




O Grand Bazaar é o mercado mais antigo do mundo, tendo sido inaugurado em 1461. Possui 360mil lojas.


Eu e o Guilherme chegamos ao Grand bazaar com a ideia de comprarmos um tapete turco e logo na primeira loja nos desvencilhamos dela, apaixonando-nos pelas mantas de borda de cama e capas de almofadas. Andando mais um pouquinho pensamos em ter as louças turcas e andando mais um pouquinho ainda queríamos chás, temperos, coasters e um tabuleiro de Gamão. Creio que se rodássemos mais tempo, voltaríamos na ideia do tapete e de quebra reciclaríamos todas as ideias anteriores (Rsrs). As joias são um espetáculo a parte pelo fato do ouro ser barato e o design ser pra lá de diferenciado. Acabei perdendo tanto tempo nas negociações de um anel que cismei querer que acabei deixando de ver as roupas de dança do ventre, o que me deixa um pretexto a mais para retornar à Istambul.




Nada no Grand Bazar é etiquetado e o primeiro preço nunca será o preço final, a não ser que você se importe em barganhar. Quem tem vergonha, vai pagar o dobro e até o triplo do produto. Apesar dos comerciantes não tentarem me segurar com a ideia do chá quente, eles encheram o saco para que eu entrasse nas lojas e não só espreitasse pelos corredores. Como já fui ciente desse tipo de pressão, me despojei de toda a educação que minha mãe deu e os deixei falando sozinho. Eu só entrava quando estava certa de que queria negociar e entrava pelo menos em duas lojas com o mesmo produto para sondar até onde eu conseguiria descer o valor. Deu muito certo!




Para conseguir um anel por um preço bem baixinho, eu disse que já havia estado em Istambul no ano anterior e gostei do tal anel. Emendei que minha mãe estava na Capadócia naquele momento e me passou o preço do anel que era menos do que a metade valor que o vendedor havia acabado de me dar. Se ele me vendesse por esse preço eu dava preferência em levar o dele, senão eu pediria que minha mãe comprasse o da Capadócia e fim de papo (falando e saindo da loja). Nem preciso dizer que ele me vendeu o anel pelo “preço da Capadócia”. O que não adianta é mostrar que quer demais um produto e ficar mirando o mesmo por muito tempo, o negócio é mostrar que flerta com as lojas e os preços dos vizinhos.




 
A caminhada pela praça do Sultanahmet, também chamada de hipódromo, lhe faz ver a Mesquita Azul rapidamente. É um entra e sai danado de gente, são turistas e também muçulmanos que lá vão para orar. A mesquita fica aberta até bem de noite, acredito que até às 21h. É muito gostoso estar passeando pelas ruas nos horários das orações, nas mesquitas ecoam músicas que mais se assemelham preces com um tom de choro para chamar os muçulmanos à oração.


 
 

Os turistas possuem uma entrada separada, para que os muçulmanos não sejam atrapalhados em suas preces. No lugar destinado para orações em mesquitas, de uma forma geral, as mulheres e homens ficam separados, o objetivo é concentração total e ficar longe dos desejo mentais e físicos. A mesquita azul, fundada em 1617, tem esse nome devido a quantidade de mosaicos em cerâmica na parte interna, cuja principal matiz é azul. A mesquita é muito bonita por fora, mas por dentro deixou a desejar no quesito higiene. Como todos são obrigados a tirarem os sapatos, um odor “cheetos de queijo “ invade o ambiente do saguão, quando você adentra a Mesquita, o cheiro se atenua. Agora o pior fato é o efeito “super bond” do carpete, só de lembrar o suor do mundo se misturando ao meu pé, já fico arrepiada de nervoso e nojo . Uma pena que não seja obrigatório obriguem o uso de sapatinho de plástico! Eu não aguentei ficar muito tempo na Mesquita Azul e também confesso que dei menos importância a ela depois de ter visitado a mesquita de Ali Sadino no Egito. Caso a mulher não vá arrumada para os padrões aceitáveis muçulmanos, quero dizer calça comprida, blusa de manga comprida e lenço, ela terá de usar uma espécie de burca, oferecida pela própria mesquita, o que também não deve ser muito higiênico.









A história da Hagia Sophia é tão atraente quanto a sua arquitetura. A igreja é a maior do império bizantino e foi construída três vezes. Na primeira e segunda foi destruída devido a rebeliões. Sua terceira construção durou cinco anos, terminando em 537 e foi encomendada pelo imperador Justiniano. Em 1453 com a ascensão do império otomano a igreja foi convertida em Mesquita, pelo princípio islã de tolerância a outras religiões, os mosaicos cristãos não foram destruídos, mas escondidos através de tapumes de madeira, outras pinturas e cortinas. A mesquita teve duas restaurações posteriores a sua conquista. Em resumo a Hagia Sophia serviu a duas religiões 916 anos como igreja e 480 anos como mesquita e foi transformada em museu com a proclamação da República por Ataturk. De 1931 a 1950 foi feito um trabalho de descoberta da maioria mosaicos que são expostos hoje .



 

No interior da Hagia Sophia é muito fácil perceber esse sincretismo, olhando para um lado podemos ver escrituras do islã e olhando de outro vemos representações de Jesus cristo com imperadores bizantinos. Na entrada da igreja podemos ver vestígios das construções anteriores que foram achados a partir de escavações. Foi uma pena eu ter contraído uma infecção alimentar na noite anterior a visita a Hagia Sophia, poderia ter aproveitado melhor, é uma construção linda, curiosa, cheia de detalhes e gigantesca. Apesar de eu ter me arrastado, não poderia ter deixado de entrar nela.



 Mosaicos Católicos e Escrituras Islâmicas

Vestígio das construções anteriores da Hagia Sophia 

 
 


 Segundo Andar da Hagia Sophia
 
Dizem que dá sorte girar a mão em torno dessa cavidade, fizemos, vai que...



Logo do outro lado da rua fica a cisterna Basílica, a entrada foi paga separadamente e custou 10 TL. A cisterna Basílica foi construída pelo imperador Justiniano no século VI, no apogeu do império Romano oriental, tendo sido restaurada em 1987. Possui uma capacidade de 100 mil toneladas de água, tendo 145 m de comprimento e 65m de largura. Cada coluna possui 9 metros e cada linha possui 28 colunas, ao todo a cisterna possui 12 linhas. É inexplicável a sensação de passar pelas linhas, olhando o espelho de água e sentindo o friozinho e o cheiro de umidade daquele ambiente tão antigo. A iluminação proveniente da base das colunas no ambiente escuro e profundo da cisterna, incluindo a coluna que verte lágrimas e as duas cabeças da Meduza dão o toque que torna a cisterna basílica o lugar mais mágico e misterioso de Istambul.



 
 



O Topkapi pallace foi construído em 1478 pelo sultão Mehmet, o conquistador. Ataturk o transformou em museu em 1924. Apesar desse palácio ser um dos mais ricos do mundo, preservando peças que testemunham a riqueza do império Turco Otomano, eu não consegui visitar as suas 20 salas. O Topkapi era o ponto que eu mais desejava visitar, mas infelizmente não contava que iria adoecer no dia que reservei para ele, infelizmente o último dia de minha viagem por uma questão de logística, mas como a gente aprende com os erros nunca mais deixo para o último dia o número 1 da minha “Bucket List”.
 
 

Para a visita indico o “áudio guide”, tem opção em português do Brasil, um dos poucos lugares no mundo que oferecem esse luxo. O palácio possui 4 pátios e para visita-los acho bom reservar no mínimo umas 3 horas. Caso você seja um amante de história, arte ou arquitetura prepare-se para passar o dia inteiro, o Topkapi deixa a gente inebriada a ponto de perder noção das horas. No primeiro pátio existe uma igreja que era do tempo do império bizantino e acabou por ficar dentro do palácio na época de sua construção, tendo sido restaurada, de modo a virar uma mesquita, infelizmente fiquei curiosa, pois minha prioridade era conhecer o terceiro pátio, a sala das relíquias sagradas e o Harem.


No segundo pátio fica a imensa cozinha do palácio, a sede do parlamento e uma coleção de louças de cerâmica. No terceiro pátio existe a sala do embaixadores, as roupas dos sultãos, a sala dos tesouros (relíqueas sagradas, livraria de Ahmet II, retrato dos sultões). O quarto pátio era o lugar onde os sultãos passavam o tempo, é perfeitamente explicável pela vista que se tem do Bósforo e pelo jardim delicioso, achei ali um lugar perfeito para relaxar e ler o mapa do Topkapi.


 Sala de Estar mais do que confortável e com vista para o Bósforo

 
 
 
 A cor azul turquesa sempre prevalece nos azulejos e os detalhes de madreperola dos armários dão o toque final

 O Topkapi sempre muito cheio, fila quilométrica para comprar igressos e também para apreciar os seus cantinhos
 

O harém foi a parte que achei mais aconchegante no Topkapi, esse lugar formado por 400 quartos servia às irmãs, mãe e outros membros da família do Sultão. As concubinas eram mulheres bonitas trazidas de países vizinhos muito novas que eram educadas de acordo com a disciplina do palácio no Harém. Nem todas concubinas dormiam com o sultão, somente as que se destacavam nas tarefas do dia a dia e comportamento, quando passavam a dividir a cama com ele passavam a se chamar “kadinefendi” (consortes). As “kadinefendis” tinham privilégio no harem. As consortes que davam a luz a uma média de 6 a 8 filhos do sultão passavam a ter mais privilégios de apartamentos próprios para si e seus filhos e passavam a viver mais próximas a rainha mãe. A preferida desse grupo de consortes se tornava mãe do príncipe da coroa. Fico imaginando a quantidade de intrigas que devia haver entre essas mulheres para agradar a rainha mãe para conseguir dormir com o sultão e posteriormente ganhar a predileção dele. Daria um bom romance.
 
 

Um dos pátios internos do Harem
 
 
 Os azulejos são tão únicos e lindos que dá vontade de fotografar um a um


 Aposento da rainha mãe no harém


Dá para ver o capricho e a meticulosidade dos turcos
 
 
 
Caso tenha gostado desse Post, veja a parte 1, em que eu apresento um roteiro interessante da parte mais moderna de Istambul: Coisas para fazer em Istambul - Parte 1

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