domingo, 6 de julho de 2014

Um pulinho na Bratislava

Uma da coisas que mais me deixou entusiasmada em visitar Viena foi a possibilidade de "dar um pulo" na Bratislava como quem pega um trem entre a Central e Santa Cruz. Esse rolé de comboio teve direito a um intenso falatório " a la torre de babel"  e a atrasos inexplicáveis. A paisagem é bem rural e há algumas estações em locais bem isolados, aparentemente pouco populados que fiquei imaginando serem usadas como estações centrais para pessoas vindas de locais mais distantes ainda. Teve uma hora que o trem passou por um túnel todinho de tijolinhos com uma cara super medieval. A viagem foi agradável e rápida, de apenas uma horinha.


A Bratislava é a capital da Eslováquia. É cortada pelo Danúbio como Viena e Budapeste. A cidade se comparada à Viena parece um tanto provençal. Dá a impressão de que apesar da intensa atividade turística os moradores não convivem com tanta naturalidade com os visitantes, pois  as pessoas te olham bastante, nada agressivo, mas prefiro circular despercebidamente como geralmente acontece nas grandes cidades.


O inglês não é dominado, nem tão pouco emblomado pelas ruas, mercadinhos, somente nos principais pontos  e restaurantes turísticos. Inclusive ao chegar na cidade tive bastante dificuldade para comprar o ticket e saber onde parava o tram que me servia. Como faço desde os primórdios, apelei para os secundaristas (hahah), adolescentes são muito mais disponíveis e além de tudo gostam de treinar o inglês.

Ao soltar na estação de tram chamada Namestie SNP comecei minha camidada em direção à principal praça da cidade, a Hlavné Namestie. Essa praça está localizada na cidade velha, Staré Mesto e é a parte mais abarrotada de turistas. Existem vários pontos interessantes próximos à praça como o museu da cidade (Múzeum Mesta Bratislavy) que fica localizado no Old Town Hall (Altes Rathaus) e abriga a história da cidade desde o período neolítico até os dias de hoje. Em frente ao museu está o fofíssimo chafariz ( Roland Fountain ou Maximilian Fountain) com a estátua muito simpática de Maximiliano II, o rei da Hungria que ordenou a construção da fonte em 1572 para o abastecimento público de água.

Múzeum Mesta Bratislavy




A fonte assim como a estátua já foram reconstruídos diversas vezes e embora não sejam mais próximos do original, possuem a popularidade em alta. Maximiliano II é considerado por muitos o protetor da cidade e a fonte é o ponto de encontro mais popular e mais antigo da Bratislava. Com isso o local se torna de uma tal nostalgia que só estando lá para sentir. Eu me sinto assim na praça XV e na Cinelândia no Rio, acho que agora dá pra ter um pouquinho da noção do quanto a mente  vagueia na tentativa de encontrar imagens e memórias de um tempo não vivido. Amo  isso!


Havia uma exposição temporária, numa sala anexa ao museu, muito simpática sobre a ocupação turca na Bratislava com direito a bonecos de Cera e ainda por cima gratuita. Havia uma guia muito simpática que contou a história e me vendeu uma moeda réplica da que foi usada na coroação da imperatriz Maria Teresa da Austria, um mimo de lembrança.




Em torno da praça há muitos restaurantes e feirinha artesanal com lembrancinhas lindas.





Escolhi o restaurante Slovak Hause para apreciar a comida típica eslovaca, acabei me deparando com um menu muito parecido em Viena e Praga, do que não posso reclamar, uma vez que amei a comida dessas três cidades. Para quem gosta de carne com molhos, esse trio pode trazer muita felicidade. Senti falta de carne de peixe e fiquei um pouquinho irritada com o excesso de carne de porco, da qual não sou fã, mas super valeu conhecer essas gastronomias e poder até trazer temperos pra casa na tentativa de imitar um pouquinho rsrs.


Halušky (um gnocchi não tão saboroso quanto o do Brasil) com Bryndzové (queijo do leite de ovelha) e goulash de frango  - tudo delicioso e muito típico

Banheiro feminino do restaurante - humor e arte

Parece que não é só no Brasil que a mulherada gosta de rabiscar a parede


Depois que a barriga estava forrada, perninhas a posto e caminhei muito pelas ruelas. Fiquei tão encantada com aquela sequência de ruas estreitas que larguei o mapa um pouquinho de lado e me deixei levar pelo que meus olhos curiosos buscavam.  Ainda não contei, mas a impressão que tive da Bratislava no início era de uma cidade abandonada, a estação ferroviária foi a culpada, pois a fachada não era lá essas coisas, principalmente para quem vinha de uma Viena ultra mega perfeita e estava sozinha. Ainda bem que nem tudo é o que parece, a Bratislava é um lugar tranquilo e lindo para passear.




Com a ajuda do aplicativo da Etips que instalei no iphone, a medida que minha curiosidade permitia, eu me localizava no mapa e via os pontos turísticos que estavam próximos. Dessa forma descobri muitas coisas e de forma agradável, sem aquela obrigatoriedade de bater cartão. Acho que fiz isso ao longo de toda minha viagem pelo centro/leste europeu. Super indico deixar os olhos te levar nessas cidades (Viena, Praga, Bratislava, Budapeste e Frankfurt), afinal não é em todo lugar que se pode se dar a esse luxo.


Andando, dessa vez em rumo ao castelo da Bratislava, pois esse não poderia deixar de ver, avistei a torre Ufo. Uma torre super moderna na ponte sob o Danúbio que conecta as parte nova e velha da cidade. A imagem da torre explica o nome.



Também encontrei a tão famosa catedral de São Martin, que foi uma proeminente igreja por abrigar as coroações dos reino austro-hungaro de 1563 a 1830.



Subir para o castelo da Bratislava oferece belas visões, primeiramente as ruazinhas em si e depois a vista superior da cidade e do Danúbio. Não entrei no castelo, porque li em duas fontes diferentes que o museu era fraquinho, além disso eu não teria todo tempo do mundo para desbravar a cidade como um todo. Caso eu ficasse por mais um dia na cidade entraria, porque afinal duas opiniões não é a opinião de todo o mundo.

Castelo visto da rua de baixo
Doce subida



A contemplação




Apesar das dimensões de um castelo, do jardim e da pomposa altura que o abriga o que me encantou em Bratislava não foi o mesmo, mas sim uma igreja chamada  Trinitarian que foi construída em 1717. Talvez pela sua estrutura irregular, ela é côncava em sua faixada, essa igreja chama a atenção de qualquer caminhante que em sua frente pela primeira vez passar. Infelizmente a mesma não estava aberta, adoraria ver o interior. Caçei a imagem na net e achei também uma lindeza.


A partir da Trinitarian fui caminhando em direção ao palácio Grassalkovich que é atualmente a residência do presidente da Eslováquia, mas que inicialmente foi construído para ser casa de um membro da nobreza do império austro-húngaro (1760), mas que já foi também um centro de música barroca e sede do conselho da Tchecoslováquia durante a fase comunista.


Logo atrás do Grassalkovich está o Letny Arcibiskupsky Palac que é a atual sede do governo da Bratislava. Achei muito estranho esses dois últimos palácios, primeiro porque esperava mais militares fazendo a proteção e segundo porque não tinham lá grande isolamento da rua. Aproveitei a confiança depositada na minha pessoa  para descansar no jardim do palácio, porque ninguem é de ferro. O mais próximo que vi de reprensão comportamental foi um guardinha brigando com uns adolescentes pra lá de teimosos que insistiram três vezes em entrar no chafariz do jardim (tsctsct hahaha).

Vizinhança do  Grassalkovich 




Pit stop


Parar para observar a natureza sempre é bom
No regresso à estação de tram, acabei parando pra tomar o meu amado idolatrado salve salve sorvete de pistache, que por sinal estava doce à veras, e acabei me deparando com o  Teatro Nacional da Eslováquia.


Na volta vi esse fucinho curioso lindo entrando no ônibus (não entendi muito bem, mas o mesmo trajeto é feito pelo tram e pelo bus, cuja numeração é a mesma , peguei o que veio primeiro). Como em todas as cidades visitadas nessa minha viagem, os cães são permitidos entrar no transporte público e em restaurantes. Amo isso!


Se me perguntarem se eu iria mais uma vez à Bratislava a resposta seria sim, com certeza. Dessa vez iria na parte nova da cidade, sentiria mais a vida das pessoas, há um shopping, o Eurovea, que tem uma área de refeições ao pé do rio que parece ser ótima para um fim de tarde, entraria no castelo da Bratislava e além disso passaria a tarde no parque Bratislavsky Lesny Park que parece ter uma vegetação alta e linda.



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