sábado, 12 de outubro de 2013

Ushuaia- A cidade do fim do mundo Patagônia Argentina

Viajar para Ushuaia nas diferentes épocas do ano revela dois lugares num só. Isso se deve ao fato de ser a cidade mais austral do mundo, na qual o inverno modifica a paisagem completamente. A cidade é cercada de um lado pela cordilheira dos Andes e do outro pelo Atlântico. No verão pode-se até partir de Ushuaia para um cruzeiro na Antartida, o que já se tornou um sonho para mim. Cruzeiros como esse só podem ser encontrados por duas companhias americanas que cobram uma baba, ou por uma companhia Argentina, bem mais barata.

Canal de Beagle


Nós nos hospedamos numa guest chamada Valle Frio. Achei confortavel, quentinha, café da manhã maravilhoso. Ela fica a 10 minutos (caminhando) da St. Martin e conta com uma assistência cordial e prestativa de seu dono e funcionários. Super indico!

Caminhar até a st. Martin sempre proprocionavas vistas interessantes e amizades também!






A programação para quem vai curtir o inverno de Ushuaia pode ser um tanto esportiva: ski, snow board passeio com trenó puxado por cães, pilotar motos na neve e passeio com raquetas.


 Cerro Castor

  Cerro Castor

Pode ser um tanto gastronômica: conhecer a típica centolla (king crab) que é uma espécie de caranguejo gigante, a iguaria merluza negra (white fish pois por dentro é totalmente branca), a qual só é encontrada na região da saída do canal de Beagle e no Alasca; experimentar a parrillada de cordeiro, o sorvete de calafate (parecido com a frura blueberry), comer pão com chimichurry entre outras coisitas mais. Os restaurantes de Ushuaias são muito bons (ao final do post uma lista dos restaurantes que provei e aprovei).


Merluza negra

A cidade também oferece opções bem turísticas como o museu do fim do mundo, o museu marítimo que conta a passagem de Darwin nas terras patagônicas e a história dos nativos yámanas, quando da chegada dos ingleses; o trem do fim do mundo; passeio pelo canal de Beagle e a excursão pelo Parque Nacional Tierra del Fuego.





Resolvi tomar aulas de ski no Cerro Castor, onde está localizada a maior pista da região, o Interski 2015 vai acontecer lá, o que mostra que a infraestrutura é excelente . Pude comprovar isso. O preço da aula particular foi um tanto ácido, mas valeu a pena cada peso que gastei, pois o professor me deu muita motivação para melhorar continuamente minha postura, cunha e manobras. Logo no início me fez entender que o esqui não é simplesmente um esporte, cuja filosofia é " Tem dom? Pratica", o ski é mais do que isso, um meio de transporte. Logo que eu coloqueios skis em meus pés, meu professor me ajudou a sentir que eles faziam parte de mim e que eu poderia me movimentar com total controle desses de 1,5m. Resultado: Nenhum tombo esquiando. 


Treinando em Cerro Castor


O problema foi outro... o "teleférico de cavalinho". Foram vários tombos grotescos para simplesmente ficar no "cavalinho", enquanto ele me transportava de um ponto baixo a um mais elevado para uma nova descida. Chegou a virar cena de filme de comédia, pois foram várias vezes seguidas tentando fazer uma coisa básica. Devem ter me achado muito "Mister Bean" por lá ( rsrs). Além desse tipo de teleférico, o Cerro conta com vários outros que nos guiam aos diferentes níveis de pistas. Quem não for descer esquiando, deve subir até somente a cota 480, que é até onde o teleférico faz o serviço de retorno.


Encarando Frio e neve para chegar na pista que me diria se eu estava aprovada ou não nas aulas. (rs)








Chegamos ao Cerro Castor de van, pagando 100 pesos cada um pela ida e volta. Os hoteis costumam agendar esse transfer para os turistas. Leva uns 45 minutos do centro de Ushuaia até o Cerro. Meu marido praticou o snowboard, que apesar de ser mais difícil do que ski para iniciantes, é super divertido também.






Achei interessantíssima a facilidade das crianças para aprender uma nova forma de se movimentar. Pode ser comparada a mesma destreza com que aprendemos a patinar. Eu e Gui já fizemos planos de um dia matricular nossos filhos na escola "Los castoritos". As "tias" ficam com as crianças durante o dia inteiro, desenvolvendo várias habilidades, o que também é bom para deixar os pais esquiarem a vontade. 

Quando me deparei com os pequeninos lá em cima numa pista que nem mesmo eu acreditava que seria capaz de descer, tive que dar o meu melhor. Fazer o que, né?!!! (rsrsrs)


Los Castoritos



A melhor pedida para a noite foi o programa "Nieve e Fuego" que é uma combinação de três esportes na neve ( Caminhada utilizando raquetas nos pés, trenó puxado por cães e pilotar uma motocicleta) com um chocolate quente em volta da fogueira e um jantar numa cabana rústica. 


Um dos simpáticos huskies do Valle de Lobos


A caminhada usando raquetas nos permitiu entender o trabalho feito pelos castores, verdadeiros engenheiros,  num lago congelado, essas pequenas criaturas constroem diques para ali passarem juntamente comsua família todo o inverno. Foi deliciosa a sensação de percorrer a floresta toda branca de neve na escuridão da noite, usando apenas lanternas. Uma pena minha máquina ter levado um tombo e ter me deixado na mão no registro desse momento.


Gostei mais do passeio de trenó simplesmente porque aqueles cãezinhos correm muito e são felizes com o que fazem. Você consegue ver a ansiedade neles pelo "late-late" até ser dado o sinal de saída. Quando eles partem, a adrenalina sobe de uma forma inexplicável, eu nunca imaginaria uma disciplina tamanha num ambiente tão adverso. O Valle de Lobos fica no alto da montanha, a temperatura na noite era -9° e nevou bastante (antes e depois do passeio). A maioria dos cães eram Huskies Alaskianos.






A moto foi o passeio que mais deu medo, era algo novo e dependia totalmente de nós, marinheiros de primeira viagem . Umas orientações de dois minutos e pronto! Estávamos os dois nos quebra-molas da neve. Eu já via a hora, em que viraria um hambúrguer entre aquele monstro de moto e a neve.


Jantamos Goulache de carneiro, comida típica da região. Éramos o único casal de brasileiros, o que estranhamente acontece por lá, segundo a administradora do Valle de Lobos a maioria de seus turistas  são provenientes do Brasil. Estavamos acompanhado por 4 casais de argentinos, cada um de um canto do país, contamos e ouvimos muitas histórias, enquanto tomavamos vinho, molhavamos o pão no Chimichurri e nos deliciavamos com aquela janta incrível. Foi uma noite agradavel, da qual nunca esquecerei.




De todas atividades que eu fiz a mais instrutiva foi a excursão ao parque nacional, o guia nos brindou com uma enxurrada de informações, desde narrações sobre a chegada dos ingleses na patagônia em 1831, cujo interesse era a obtenção de óleo e graxa a partir de leões marinhos e pinguins, super utilizados durante a revolução industrial, ao conflito do governo argentino com o chileno para demarcação atual da Patagônia. 




Ele nos contou também que no sentido de fazer valer o acordo entre Chile e Argentina o autoritário Pinochet distribuiu diversas minas ao longo da fronteira Chilena, de forma a impossibilitar a entrada de desobedientes. Meu tour foi agendado com a empresa Tolkeyen, mas foi realizado pela empresa Latitude, devido as vagas no carro da Tolk terem se esgotado. O guia foi o Oscar, além do cara ser um baita professor de história, era engraçado e falava muito bem Português.


Esse tour passa pela estação do trem do fim do mundo, cujo passeio é opcional. O trem do fim do mundo percorre um trajeto turístico de 7km e é muito charmoso. 









Não fiz a viagem de trem, pois li em outros blogs que é aquele tipo de atividade "pega dinheiro de turista". Aproveitamos para tomar um chocolate quente na estação. Quando o trem desembocou no Parque Nacional Tierra del Fuego, já estavamos lá a aguardar os turistas que fizeram o passeio. A excursão pelo parque teve apenas uma parada, nesta época as trilhas ficam bloqueadas por causa do excesso de neve, mas valeu a pena para descansar as pernas para mais um dia de ski.







Dentro do parque existem muitas raposas que passam vagarosamente a nos olhar, acho que ansiosas para receberem algum alimento. Elas não interagem com os turistas e podem transmitir raiva. Dentro do parque existem zonas para acampamento, sennão me engano duas. Também existem lagos maravilhosos. Deve ser um suplício acampar ali no verão e não poder entra nas água, pois estão sempre frias, o ano inteiro. 











ROUPAS

Passear pelo pequenino centro de Ushuaia é adoravel, ainda mais para quem está morando em Moçambique com várias limitações gastronômicas. Vi vários posts na internet dizendo o quanto eram baratas as lojas de roupa na avenida St Martin, o quanto a POPPER era barata, coisa e tal. Eu pesquisei preços de fleeces, anoraks e calças impermeáveis e corta-vento no centro do Rio e não achei a diferença tão absurda assim.

 Acabei perdendo um dia inteiro tendo que comprar as roupas adequadas para esquiar (há a possibilidade de locação no Cerro e na Jumping). Realmente é bem mais barato comprar blusas segunda pele em ushuaia do que no Rio (R$30 x R$100). Não pesquisei bota impermeavel, pois já as tinha comprado na Africa do Sul. 



Caso resolva comprar marcas como Columbia, North Face e Salomon, aí sim, realmente se comparadas com o preço das mesmas vendidas no Brasil a brincadeira fica muito barata. Outras três informações importantes para quem pretende comprar roupas por lá:

-Há duas lojas POPPER, uma é outlet e a outra não. Perdi meu tempo na outlet, pois havia uma pequena gama de tamanhos (quando nenhuma) num determinado modelo/cor. Indico a loja Scandinavian para a compra das marcas acima, bem como a outra loja da POPPER.

-O horário das lojas é bem louco. Se não me engano de segunda a sexta abrem das 9h/10h às 13h, fecham e depois retornam às 17h indo até 20h, não foge muito disso. Sábado não recordo e domingo era bem pior, muitas lojas sequer abriram.
* visitei a cidade em Agosto de 2013

- No caso de se expor ao clima no alto inverno de Ushuaia vale a pena investir em roupas de qualidade, seja na locação ou na compra. Eu, por exemplo, não faço questão de comprar marcas, mas nesse caso minha saúde e meu bem estar falaram muito alto. Com uma calça Columbia (impermeavel e corta vento), uma segunda pele, um fleece Columbia e um anorak Billabong senti conforto durante o dia inteiro, além de sair seca tendo sentado na neve e em lugares molhados. Invista também em boas luvas e num gorro.




LISTA DE RESTAURANTES QUE PROVEI E APROVEI:

- Tante Sara - Comida Argentina e Internacional.



- Mustacchio - Gastronomia fueguina e Internacioal. Fica aberto até bem tarde e sempre com suas mesas cheias (não lotadas). Indico comer a merluza negra



-Bodegon Fueguino - Comida Argentina e Internacional.















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